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terça-feira, 11 de junho de 2013

[FEITO A MÃO] Virtualmente — Parte II

Olá!
O amor está na NRA...
E agora é a hora da Parte II de “Virtualmente”, a primeira minissérie da NRA.

Anteriormente em “Virtualmente”... Liana acabou de perder os pais e está tentando seguir a vida. Eron e seu amigo Lucas conseguiram o estágio de fotógrafos no jornal Rio Capital e conheceram o misterioso J.J., o editor-chefe, homem que Larissa Lins odeia.

Vamos ao que interessa!

PARTE II — CURATIVOS

1
Sábados de sol são sempre belíssimos aqui no Rio.
Andei um pouco pelo calçadão da Praia de Botafogo enquanto esperava dar a hora que marquei com Liana no cinema.
O Pão de Açúcar, quando bate o sol do meio-dia, forma uma sombra estranha na pedra. A fênix. Enigmática e sombria fênix que só aparece na metade dos dias de sol.
Bem, pra mim é apenas uma rachadura formada por milênios de chuvas e vento.
Uma da tarde. Não, treze horas.
— Ah, tanto faz — falei, olhando para o relógio de pulso.
Desci pela passagem perto da churrascaria e fui espera-la na galeria do cinema da Rua Voluntários da Pátria.
Esperei...
Comi um yakisoba.
... esperei...
Comprei um livro.
... esperei.
— Oi. Moço, que horas são? — uma menininha me perguntou, sorrindo.
Virei meu pulso para responder, hesitando.
— Dezesseis e vinte sete — respondi.
Ela sorriu.
— Moço, tá chorando?
— Oi? — me dei conta de uma lágrima quente em minha bochecha gelada pelo ar condicionado. — Não... — sorri, daquele jeito quer as pessoas sorriem quando estão muito tristes, mas querem aparentar felicidade. — Foi um cisco... Assopra aqui pra mim.
Abri bem o olho entre o polegar e o indicador, a menininha assoprou e voltou para junto do pai gritando-lhe as horas. Levantei-me e fui para casa.

2
— Eu nunca vou te perdoar, Andréia! — gritei pela terceira vez.
— Pois que seja! Ainda acho que salvei de mais um...
— Estupro? — perguntei, irônica. — Sério? Andréia, presta bem atenção: tu não é a minha mãe! Nem ela me impedia de sair com caras que conheci na rede... mesmo depois... de tudo.
Larguei-me na cadeira da cozinha. Ainda estava com o vestido vermelho de uma alça só, cabelo arrumado, batom clarinho. Uma lady. Lady Liana era como minha mãe costumava me chamar.
— Obrigada por cuidar de mim — abracei-a.
— Eu sempre cuido, Lia... sempre — pegou minha cabeça e obrigou-me a olhá-la nos olhos. — Desde o colégio, lembra? Cada vez que uma de nós quebrava a cara com um cara, chorava onde? No ombro da outra. E quando não queria mais ficar com o sujeitinho? As duas armavam o pé na bunda!
Gargalhamos por uns três minutos, que nossas barrigas doeram. Só começamos a parar quando o celular tocou.
— Alô? — atendi, ainda rindo. — Quem é? Aqui apareceu como número restrito.
— Lilica.
Minha espinha gelou. A vontade de rir foi consumida por ódio e medo. Fiquei tonta e só não caí sentada, pois me segurei na geladeira.
— Como conseguiu esse número? O que você ainda quer comi... — por mais que eu tentasse, não conseguia gritar. Mesmo assim, a voz saía raivosa.
— Estou morrendo de saudades. Também queria te dar os pêsames... — a voz dele era debochada.
— Desgraçado, infeliz. Eu ainda tô te caçando, sabia? Um dia vou ter o prazer de te ver atrás das grades e cuspir na tua cara.
Foi aí que Andréia entendeu.
— Deus do céu! É o Júnior! — e correu para a sala buscar seu calmante.
Júnior riu do outro lado da linha.
Liliquinha do meu coração, não adianta rastrear. Este celular é roubado. Mas se olhar pela janela, vai me ver abanando pra ti.
Olhei para Andréia e apontei mexendo os lábios... “janela”. Ela correu, se debruçou e veio de costas para o meio da sala como se tivesse sido empurrada. Quando se virou para mim, estava lívida.
— Vai pro Inferno — sussurrei e desliguei. Peguei o interfone e proibi o porteiro de deixar qualquer um subir. — Andréia, só existe uma coisa a ser feita.

3
Quando Larissa me ligou para saber do encontro e contei tudo a ela, incluindo a parte de chorar feito uma garotinha na frente de outra garotinha, minha colega de trabalho me chamou para ir até o apartamento dela.
Era numa ladeira no Bairro de Fátima. Terceiro andar de um prédio antigo.
— Eron de Bulhões — ela disse, pesarosa, quando abriu a porta. — Vem cá, senta no sofá. Vou pegar mais vinho e sorvete na cozinha.
O lugar era bem jeitosinho. Sofá confortável, estantes com bons títulos de livros e filmes e CD’s, a tevê LCD de 32’’, alguns quadros de paisagens na parede. O computador, muito bonito.
Mas nada disso eu notei, nem sei como cheguei aqui.
— A jornalista que faz a previsão do tempo, disse que agora quando entrar agosto, vai esfriar ainda mais. Mas já que os italianos tomam sorvete no inverno deles, por que nós não podemos, né?
— Claro, Larissa... Moramos tão perto um do outro. Lucas e eu estamos ali na Rua dos Inválidos.
Ela abriu a garrafa de vinho e o pote de sorvete de creme (sabor universal, todos amam). Ao lado do sofá já tinha uma garrafa de tinto vazia.
— Quer dizer que a tal garota da internet não deu as caras...
— O pior é que eu estava gostando dela. A gente ouve histórias de amores virtuais que deram tão certo na vida real, Larissa, só pensei que tinha alguém... pra mim.
— Sei como é, Eron. Quebrei a cara tantas vezes. Não importa de onde o cara venha: computador, jornal, entrevista, balada, Pavuna. Nenhum homem presta.
— Êpa, péra lá! Eu presto, sabia? No meu colégio, em Vassouras, todas as garotas queriam dar pra mim.
Larissa gargalhou e escorregou no sofá para mais perto de mim.
— Vou fingir que acredito, Eron. Tu até que é bonitinho, mas ordinário.
— Entre quatro paredes, sou o que tu quiser.
Espera. O que eu tô fazendo? Tá mesmo rolando um clima com a Larissa Lins? Mas isso é tudo porque levei um mega bolo hoje, pensei que o dia terminaria diferente e não com a mulher com quem eu trabalho me beijando desse jeito tão bom e... Uau, ela tem camisinhas na gaveta da mesinha ao lado do sofá?!
— Amigos com benefícios é o que há! — Larissa disse, após um tempo.
— Sem rótulos, sem compromisso.
— Olha, já são 28 de Julho — disse, olhando no celular. — Eron, são quase uma da manhã! — deu um pulo do sofá. — Vamos tomar banho rapidinho e ir pra delegacia. Nessas semanas tu já aprendeu que as melhores notícias da coluna policial estão nas madrugadas.
Fomos tomar uma ducha gelada e nos pegamos mais um pouco. Entre um beijo e outro perguntei:
— Larissa, por que odeia tanto o J.J.?
Ela fechou a ducha, se enrolou na toalha e foi para o quarto se vestir. Fiz o mesmo.
— Escuta, eu não queria quebrar o clima.
— Por favor, sem desculpas agora — deu um suspiro profundo. — Eu não tenho provas, não posso acusar formalmente.
— Não pode nem me contar o motivo? Se for o caso, te ajudo...
— Ele é um nojento de um pedófilo. Umas vezes eu o segui, vi pegar garotas, garotos... Parquinhos, lojas de doces... — os olhos dela marejavam de rancor. — Eron, você não entende, eu vi, fui testemunha ocular, mas fui incapaz de mover um músculo para impedir. Todos aparentavam menos de dezesseis anos.
Abracei-a e sentamos na cama.
— Fotos? Testemunhos? Anotações?
— Eron, na mesma época eu estava investigando uns traficantes em Copacabana. Invadiram este apartamento, reviraram e levaram tudo. As provas contra os traficantes e, o “Dossiê J.J.”.

4
Andréia e eu esperamos algumas horas nas cadeiras da delegacia da Tijuca até que o delegado Almeida nos chamasse.
—... isso foi tudo — assoei o nariz ao final da declaração.
— Então, o desgraçado do Júnior te ligou? Celular roubado, número restrito. Estaremos preparados, Liana, quanto mais próximo ele voltar, mais rápido será preso.
Agradeci e saí da sala dele ligando o celular. Um homem algemado tentava fugir dos dois policiais que o seguravam e me assustou, tropecei e caí em cima de um homem com uma câmera fotográfica profissional.
Quando nossos olhos se cruzaram, reconheci-o imediatamente.
— Eron de Bulhões? — perguntei, mas aqueles olhos não mentiam. Parece que o destino dera um jeito de nos encontrarmos um dia depois do combinado, na hora que deveria acontecer. — O Júnior me ligou hoje.
Abracei-o e chorei. Ele não sabia o que fazer.
~~x~~
(Continua...)
O que será que espera Liana e Eron agora que se conheceram?
Larissa Lins, vai ter provas que incriminem J.J.?
Júnior conseguirá pegar Liana outra vez?
Não perca o emocionante final dessa história.


até...

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