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terça-feira, 24 de junho de 2014

[COISAS DE LIVRO] Porque eu sou Warnette

Acabei de terminar o último livro da trilogia Estilhaça-me, da americana Tahereh Mafi, e fiquei pensando se deveria fazer uma resenha. Em parte, eu gostaria - quero muito falar sobre o livro, as emoções, a leitura e tudo mais. Mas parte de mim sabe que uma resenha não é bem o jeito de fazer isso. Uma resenha não fala o bastante. Não demonstra o bastante. Eu nem saberia por onde começar.

Então resolvi fazer esse texto, num clima meio aleatório, pra poupar vocês de eventuais spoilers sobre o final da série, ao mesmo tempo em que trazendo à tona meu lado fangirl para falar do meu ship preferido. Mas juro que não é só o lado histérico de leitora maluca vindo à tona. Continue lendo, e acho que talvez vocês consigam me entender.

Warnette é o shipname combinando Warner e Juliette, dois personagens da série. Até um certo momento no segundo livro, nossa convicção é de que Juliette está para mocinha assim como Warner está para vilão. Adam é o mocinho. Somos julgadas por shipar.

Mas aí, meus caros, a mesa se inverte.

Não vou ficar aqui falando sobre todo o processo do meu amor pelo Warner. Foi uma coisa imediata, pra falar a verdade. Tive meus momentos de Adette, mas já no primeiro livro, eu estava apaixonada pelo Warner - tenho uma queda inevitável por vilões. E algo sempre me dizia que Warner era mais que a superfície, que ele tinha mais camadas do que eu jamais seria capaz de ver. E isso só foi se provando cada vez mais verdade.

Warner é um dos personagens mais complexos e bem criados da série. Ele carrega uma fachada sadista e cruel, mas, abaixo dessa superfície, há vários níveis que o leitor desconhece - o Warner condicionado a obedecer ordens, o que cresceu maltratado pelo pai, o que busca aprovação, o que nunca conheceu o amor. Ele é uma mistura tão doida de circunstâncias e acontecimentos que acaba formando aquele complexo imprevisível de múltiplas personalidades até que a gente consiga enxergar qual é a real. Assim como Juliette também enxerga.

Mas o que me faz amá-lo tão completamente é que, através de Warner, Tahereh conseguiu desconstruir uma personagem que tinha tudo para ser a próxima Bella Swan e transformá-la em alguém digno, poderoso. Warner é o par romântico do ponto de vista feminista - não por ser um suposto bad boy, mas por aceitar, melhorar e crescer junto com Juliette. Ele não quer protegê-la. Ele não quer abafar sua voz. Ele quer deixar que ela grite, que exploda, que se mostre, que incendeie. Ele a admira e a ama mais quando sua força se sobrepõe à dele. Ele a provoca até que ela cresça para enfrentá-lo de igual para igual. E ele não tem medo de instigá-la, de libertá-la, de apoiá-la. Ele sabe que, para merecê-la, ela precisa ser independente. Que pra dar certo, eles precisam ser um time.

Não sei pra vocês, mas ler esse tipo de romance é revigorante pra mim. Talvez seja só comigo, mas fico nessa sensação de que os livros, mesmo hoje, apresentam sempre o mesmo arquétipo de mocinho precisando indefinidamente proteger a mocinha, e isso me cansa. Quero mais Warners, e mais Warnettes por aí - mais e mais histórias que me lembrem que eu não preciso que um homem me proteja, que não preciso apenas admirá-lo pela sua força. Que eu posso cuidar de mim, e ser admirada também. Que eu, e só eu, sou dona da minha vida, das consequências das minhas escolhas. Livros e personagens que me lembrem que, mais legal que estar sempre sob a sombra de alguém, bacana mesmo é que ninguém seja melhor que o

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