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sexta-feira, 25 de julho de 2014

[RELATO] A introversão e as histórias do extraterrestre

Saudações, pessoal que acompanha a NOSSOS Romances Adolescentes.
Como vocês vão?
Bom, hoje, dia 25, é o dia do escritor (parabéns a todos!) e pensei em fazer alguma homenagem por meio do Feito a Mão. Ponderei em várias alternativas de como fazê-lo, até chegar a uma ideia de falar um pouco sobre essa vida.



A introversão e as  histórias do extraterrestre

1--@InspirationsWeb.com
Imagem: David Kracov. http://www.davidkracov.com/special-projects/77-special-project-1.html

Em algum momento passado, posso ter comentado sobre meu primeiro contato com a escrita criativa ser pela contação de histórias (fabulas, mitos) e de um projeto na escola, onde estudei desde meus quatro até os treze anos, que permitia ao aluno montar, com o auxílio às vezes dos professores, histórias em parceria com quadrinhos do escritor e cartunista (e jornalista e colunista!) Ziraldo. O primeiro livro, fora os gibis da 'Turma da Mônica' de Maurício de Souza ou os livros que caçava da minibiblioteca de meu pai, que tive vontade de pedir de comprar foi 'O Menino Maluquinho' de Ziraldo. Era uma pequena história ilustrada sobre um menino considerado maluquinho, com uma panela na cabeça como forma de tentar um 'chapéu de Napoleão', e que podia abraçar o mundo. A partir dessa história e eventuais leituras de fanfics, participações em RPG's de fóruns em universos colegiais ou de 'Harry Potter', a leitura de alguns livros de Harry Potter, descoberta dos ebooks e um pouco de contato com Gossip Girl, eu acabei enbarcando por diversão nesse mundo de 'escrita criativa'.
Foi legal ter embarcado nesse ramo - eu não diria que eu me vi sempre como 'alguém que publicaria um livro', eu me vi mais como alguém que queria só montar uma história porquê queria montar uma história com uma vontade boba e montar histórias é como navegar um navio em um oceano - em primeiro lugar por ter me ajudado na introversão. É meio estranho eu ter me descoberto como introvertida e não que eu só tinha 'problemas em me relacionar com as pessoas', porquê, ainda que eu me veja agindo com comportamentos considerados extrovertidos (como falar bastante às vezes), depois de um tempo de hiperatividade eu acabava querendo capotar e dormir por um longo tempo. Na verdade, antes mesmo de me achar como uma, já me via na cabeça que precisava de um período para deitar na minha cama e olhar o teto, um período para me guardar para andar por aí sozinha ou me manter algum graúdo de solidão (não exatamente 'solidão', mas 'estar sozinha para refletir o considerado importante por mim') para pensar, mas pensar bastante: pensar bastante sobre o mundo, sobre o que eu fiz, sobre as pessoas e sobre o que eu vim fazer.
Quando criança, como eu era criança e pensava bastante sobre quase tudo - chegava a perguntar muito de meus pais e dos 'adultos', apesar de apreciar silêncio -, não conseguia algumas vezes expressar algum pensamento em uma fala, quase sempre era por alguma outra expressão (facial, corportal) e ocasionalmente me pegava depois do evento me questionando se não foi o comportamento certo, se eu "deveria ter feito diferente" e passava a imaginar alternativas de ações. E então imaginar pessoas que não existiam. E então que participava de uma porção de mundos que se comunicavam comigo. No primeiro momento em que eu toquei em algo, computador ou papel, para escrever, algumas coisas já estavam em processo de elaboração. Um bocado de ideias sobre personagens, mais ou menos direção de histórias, a imaginação do olhar sob certas cenas (embora eu não tivesse na cabeça a palavra 'cenas')... Geralmente eram romances, romances entre personagens bem novos ou adolescentes, algo meio água com açúcar ou envolvendo um fator sobrenatural (uma casa assombrada, uma cidade amazonense que convive com mitos, Austrália e seus povos de sereios). 
Se não me engano, comecei a escrever esses originais um pouco depois de entrar na comunidade da NOSSOS Romances Adolescentes em 2007 ou 2008. Lembro que Clara, Nilsen, membras bem antigas e Cris já escreviam, observaria a presença da Larissa, do Drigo, da Alice e de outros mais um tempo depois. Eu fiquei como fantasminha por uns meses, até entrar com minhas próprias histórias. Desde lá até aqui, sei de muitas que não cheguei a terminar, mas que tento reciclar a ideia ou remontar ou trazer de volta ultimamente. Porém, recordo que tentei alguns experimentos, ainda que bastante amadores - simplesmente por ouvir sobre eles por aí e "bom, não sou profissional e nem nada, vou fazer só para passar o tempo" -, como pseudo-letras de músicas, poemas, poesias e outras coisinhas. Passei a procurar com mais voracidade outros escritos, tanto de colegas como também de outros escritores fora da área de conforto, para ter ideias de como tratar determinado gênero e de ter noções de literatura fora do meu 'cantinho'. 
Essa busca por material para criatividade e organização me levou a ter também olhos mais salientes na parte de cinema (especialmente animação), música e artes plásticas. Quando você quer contar uma história, você quer a imaginar bem. Você quer, mesmo não percebendo isso, acender os seus sentidos. Você quer saber como você pode transmitir um ar, um personagem, um tempo, um sentimento. Você passa a querer se desfazer de amarras e se prender a outras, em um ciclo que nunca pára mesmo quando você passa um tempo. Ao menos, foi essa a minha impressão. Às vezes não sabia se dormia ou se estava acordada. Andava em cordas de ideias, tentando equilibrar minhas coisas e não cair.
Mas ser escritor é algo trabalhoso. Precisa de dedicação. Algumas vezes, você, por motivo ou outro, não consegue ter o suficiente. Você não é só uma contadora de histórias, você não traz a narrativa: você dirige, você elabora, você planeja, você observa seu público (mesmo se forem seus colegas de escrita dando suas opiniões). Você cai, levanta, cai, levanta. Para se levantar, há ocasiões que é necessário de um absurdo. Um imprevisto, mesmo não se dando conta que você precisa fugir um pouco para depois voltar com vontade. Você precisa andar em um ônibus que vai fazer o caminho mais longo e escutar aquelas músicas que te remetem a memórias. Você diz para si mesma "eu não vou fazer isso" quando vê tanta gente fazendo o mesmo. Você se questiona "será que isso é bom? por quê eu quero isso? do que isso serviria pra a história?".
A partir daí, você precisa conhecer a História.
Novas visões, novos dialógos, novas construções do que você conhecia. Você ainda tem consigo como grandes amigos seus personagens, pois para você eles são reais, reais quase como pessoas com vozes em sua cabeça que te fazem lembrar de nuvens de ideias. Eles são sua inquietação, sua inspiração, seus grandes companheiros e atores. Quase como amigos imaginários. Você passa a discutir não apenas suas questões com eles, como também com as outras pessoas, mesmo aquelas da internet ou aquelas da vida real que você não imaginaria que conversaria. Às vezes, de velhos conhecidos, suas ideias mutantes e ambulantes geram um olhar de estranhamento. Há uma determinação a mais para se conectar com os aliens do exterior de sua pessoa, de seu espaço semiaberto de auto-reflexão e reconstrução.
É mais estranho para muitos a sua consideração em terceira pessoa. Não que ocorra sempre você se chamar de 'Lucie' do que 'eu'. Ou que tenha umas ocasiões que você nem é 'Lucie' (ou 'Luciana' como seu pai e mãe a chamam, mas você se acostumou com 'Lucie' faz muito tempo que às vezes esquece que é 'Luciana') ou 'eu'. Em um dia, você é mais de uma pessoa. E é necessário ser: para tentar novas abordagens, algumas vezes é preciso sacrificar velhos príncipios, repensá-los e entrar em uma metamorfose. Algumas coisas raramente mudam, mas posso dizer que não sou a mesma pessoa que começou a se interessar por escrita aos sete anos.
Tenho dezenove anos. Apesar de não escrever muito meus textos de ficção há três semanas por não mais estar nem no ensino fundamental ou no ensino médio, mas no superior, é bem difícil de largar. Ainda não publiquei alguma história e não sei se tenho realmente a intenção de publicar comercialmente todas minhas histórias. Ficou cansativo ler: é bem raro um livro prender mesmo minha atenção até o fim desde meu segundo ano do colegial. É mais comum ver meus animês, mangás, ler umas fanfics, ouvir músicas, ver filmes, papear com pessoas, navegar minha cidade, buscar novidades na internet, acompanhar webcomics e let's plays de jogos eletrônicos.
Enquanto sou uma menininha de doze anos, também sou, ao mesmo tempo, uma jovem velha que passou a se ver uma criança crescida (não uma adulta) e alguém que concebi e me tornei com princípios de modelos. Como 'Sailor Moon', desenho que via desde os 4 até mais ou menos 12 anos: lutar pelo poder da Lua e da justiça parecia demais. Mas experimento certo envelhecimento que acho que não se vê a olho nu. Cansaço, rotina cada vez mais apertada, ombros metaforicamente mais pesados e mais preocupação com o futuro (mas afinal, que diabos de 'futuro' é esse? como se sabe? Ninguém sabe!). Escritor, além de atividade, é uma parte de uma vida. Você aprende como formar novas histórias e a escutar novas histórias. Há mais e mais pontes para caminhar, mas a vida segue andando e uma vez você vai precisar tropeçar para aprender um detalhe novo de um cenário maior do que o que você imaginava quando começou esse caminho.
FIM

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