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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

[RESENHA] Anjo Mecânico - Cassandra Clare

Série: As Peças Infernais #1
Edição: 1
Editora: Galera Record
ISBN: 9788501092687
Ano: 2012
Páginas: 392
Tradutor: Rita Sussekind
Sinopse: Anjo mecânico apresenta o mundo que deu origem à série Os Instrumentos Mortais, sucesso de Cassandra Claire. Nesse primeiro volume, que se passa na Londres vitoriana, a protagonista Tessa Gray conhece o mundo dos Caçadores de Sombras quando precisa se mudar de Nova York para a Inglaterra depois da morte da tia. Quando chega para encontrar o irmão Nathaniel, seu único parente vivo, ela descobrirá que é dona de um poder que capaz de despertar uma guerra mortal entre os Nephilim e as máquinas do Magistrado, o novo comandante das forças do submundo. 

Nova York, século 19. Theresa "Tessa" Gray acabou de perder a tia, sua tutora legal, e precisou se desfazer de tudo o que tinha para cobrir as despesas de seu enterro. Na miséria, ela segue de navio até Londres, onde seu irmão e única família, Nate, trabalha e reside há vários meses. Quando desembarca, Nate não está à sua espera; há um grupo de estranhos e um bilhete de seu irmão pedindo que ela confie e siga viagem com eles. Tessa obedece.
É o início de um martírio. Ao invés de ser levada para o irmão, Tessa é aprisionada numa casa horrível e forçada, por duas velhas intituladas Irmãs Sombrias, a dominar um talento que ela sequer sabia que possuía: a Transformação, o dom de se transformar, física e mentalmente, em outra pessoa. Conforme Tessa desenvolve esses poderes, as Irmãs afirmam que ela estará pronta para ser entregue ao misterioso Magistrado muito em breve. É quando o dia chega e Tessa já está prestes a perder as esperanças que chega a salvação.
Nada e príncipe no cavalo branco, nem mesmo um pouco de cordialidade; a casa onde ela é prisioneira é invadida por estranhos vestidos de preto, cobertos de estranhas tatuagens, que falam em termos que ela desconhece. Tessa é levada relutantemente para outro lugar - o Instituto, onde suas perguntas começam a ser parcamente respondidas. Aqueles estranhos são Nephilim, uma raça híbrida de humanos e anjos, e Caçadores de Sombras, responsáveis por manter a terra e os humanos livres das ações demoníacas. E neste novo mundo - o Submundo, como um deles, Will Herondale, o chama - Nephilim são apenas uma parcela das raças novas que Tessa irá conhecer; vampiros, licantropes, feiticeiros, até mesmo fadas. Parecem não haver limites entre a vida real e os contos de fadas.
Embora todos no Instituto afirmem que ela pode partir quando desejar, Tessa sabe que não tem para onde ir, e que sua melhor chance de encontrar Nate está na ajuda que os Caçadores de Sombras tem para oferecer. Ela se permite, portanto, ficar e aprender com eles sobre o Submundo, e juntos eles irão desvendar os mistérios por trás do Clube Pandemônio, a organização que parece ser responsável pelo sumiço de Nate e pela prisão de Tessa.

Como todo livro da Cassandra Clare, resumir os acontecimentos de Anjo Mecânico parece uma missão impossível. Depois de passar três dias de leitura intensa, eu precisei respirar, pensar muito, e ainda não sabia muito bem por onde começar essa resenha.
A verdade é que, quando eu peguei o livro, eu esperava uma espécie de reboot da série Instrumentos Mortais, primeira da autora, por mais que muitos já tivessem me alertado que não era esse o caso. Por se tratar do mesmo universo fantástico, minhas expectativas giravam em torno de uma mesma história num cenário diferente, os mesmos dramas e quem sabe uma pitadinha de steam punk só pra dar uma diferenciada.
Não foi esse o caso. Não mesmo. Arrisco a dizer que Peças Infernais é tudo que a série predecessora não é: a narrativa é mais firme, os personagens, embora na mesma faixa etária, são mais maduros, e a ação é mais diluída, menos escancarada. Anjo Mecânico não precisa gritar alto pra te prender - ele pode seguir com um ritmo muito mais calmo, e ainda assim te carregar do início ao fim sem que você tenha tempo pra respirar direito.
É impressionante o quanto a escrita e a estrutura evoluíram. Eu já percebia isso lendo os livros da série Instrumentos Mortais, mas com esta nova trilogia, é como se a Cassandra apontasse pra mim e risse ao dizer: "e aí, duvida agora?" Num único livro, ela não apenas me deixou com o coração na mão sem que eu percebesse como, de quebra, ainda ampliou os horizontes de maneira muito mais vasta do que havia feito na série anterior. Embora se trate, sim, do mesmo universo, Peças Infernais trás consigo a vantagem de não precisar se apoiar na mitologia pra que a história caminhe, como aconteceu com TMI. A história é visivelmente mais bem planejada, mais bem construída.
Os personagens, como mencionei lá em cima, também batem de 10 os colegas de Submundo. Esqueça os pequenos dramas adolescentes, e dê olá a personas (quase) totalmente controladas, muito mais crescidas do que deveriam ser aos dezessete anos. Tive até dificuldade em imaginá-los como menos do que adultos formados - há uma segurança nos diálogos, nas ações, que deixa tudo muito mais palatável, mais suportável. Tessa, Will, Jem, Charlotte, Jessie - eles são tudo o que os personagens que povoam o Instituto em TMI não são. E essa mudança é mais que bem vinda.
Se você está se perguntando se é preciso ler uma série pra entender a outra, a resposta é: NÃO. São dois trabalhos independentes e autoexplicativos, e quem resolver começar por uma ou por outra não vai perder nada. A graça está, é claro, naqueles detalhezinhos que só quem leu ambas consegue perceber; as referências, as piadinhas internas, os sobrenomes que se repetem. Mas nada que vá atrapalhar a sua leitura. Se jogue de cabeça e bem vindo ao Submundo!

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